Os foliões de Vitória de Santo Antão, na Zona da Mata de Pernambuco, literalmente pararam na noite dessa terça-feira (8). O motivo? Assistir a uma discussão ao vivo entre os cantores Alceu Valença e Pierre, ex-vocalista da banda Asas da América.
A briga, em alto som, ganhou força com os microfones de cada artista. De um lado, Alceu se apresentava no Polo Duque de Caxias (Governo do Estado), do outro, chegava Pierre, com o bloco “A girafa” arrastando mais 5 mil pessoas com o trio Asas da América.
Desavisado pela produção do evento, com o possível “choque” de ritmos, Alceu Valença ameaçou sair do palco, já que teria pedido a Pierre para passar em silêncio, no intuito de não atrapalhar seu show, mas o cantor continuou.
Pierre se defendeu. “Assim que apontei na avenida, convidei o Alceu para fazer um dueto, mas ele não quis, então continuei sozinho”, disse.
Durante a discussão, Alceu Valença exigiu respeito do cantor Pierre, alegando que ele estava invadindo a apresentação do olidense. Após isso, formou-se o bate-boca, com direito a arremesso de latas e garrafas por parte de alguns foliões. Depois da briga, o trio de Pierre saiu do Polo Duque de Caxias e o show de Alceu foi retomado.
Em nota oficial, a Secretaria de Cultura, Turismo e Esporte de Vitória confirmou, na manhã desta quarta-feira (9), que o cantor Pierre, símbolo do carnaval vitoriense, elogiou Alceu Valença e o chamou para cantar com ele. Alceu teria se negado e continuou seu show, atrapalhando o percurso do trio elétrico. Daí, então, foi iniciada uma troca de insultos por parte dos dois artistas.
A Secretaria disse ainda que, no fechamento dos contratos para a realização dos shows, ficou acertado com as produções dos artistas que aconteceria esse encontro e que, por uma questão de cortesia tanto entre eles quanto com o público, os dois cantores interagissem, assim como é feito no Carnaval de Salvador e que já aconteceu em outras ocasiões, também no Carnaval da Vitória, com sucesso.
Jc
É lamentável ver um artista como Alceu Valença passar por uma situação como essa. Qualquer outro cantor que ali estivesse, creio eu, teria parado por alguns instantes o som do seu trio elétrico em respeito a esse mestre da cultura pernambucana. Mas como Pierre tem o apoio da Pitú, uma empresa local, se achou maior e melhor do que Alceu Valença naquela ocasião. Me parece que ele confiou mais no apoio que tem, do que em si mesmo. Não desvalorizando a cultura e a tradição local, mas Alceu é ícone de Pernambuco pro Brasil e pro mundo. Por isso, é digno de respeito. Coloquem-se no lugar de Alceu Valença; você está fazendo o seu show num palco em praça pública e vem um trio reprimindo o seu trabalho. Como Alceu não engole “sapo” de ninguém, reagiu corajosamente àquela situação desrespeitosa. Só complementando: este fato já virou hábito em Vitória de Santo Antão nos carnavais, outros cantores já sofreram com esse mau costume. Elba Ramalho já foi uma vítima, ela estava no palco da Duque de Caxias (o mesmo onde ocorreu o episódio entre Alceu e Pierre) fazendo o seu show e Pierre vem com seu trio ensurdecedor descendo a avenida. Como ela teve mais paciência e, saco, não contestou e interagiu com Pierre. Mas Alceu é o Valença, que teve coragem de contestar a um hábito comum e mal educado da cidade. É no mínimo uma ingratidão por tudo aquilo que Alceu fez e ainda faz pela música pernambucana. É preciso respeitar aonde Alceu chegou (um dos maiores cantores do Brasil e por que não do mundo), ele (Alceu) exaltou Pernambuco num tempo em que havia muito preconceito com os nordestinos e foi um dos responsáveis para derrubar ou diminuir esse maldito preconceito, enfim. Reflitam e observem como foi péssimo para Vitória de Santo Antão ser palco dessa deplorável ocorrência. Quanto a Pierre, faltou humildade e reconhecimento. Lamentável para um cantor que tem um enorme potencial de crescer artisticamente. Um abraço.
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