quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Trabalho infantil ainda atinge 270 mil crianças e adolescentes em Pernambuco


Recife abriga um jovem trabalhador que sonha em ser bombeiro. O menino de 12 anos, residente no Córrego da Areia, no bairro da Macaxeira, Zona Norte da capital pernambucana, é o “cara do milho” há quase três anos. Ajudante número 1 da avó, vendedora de tapiocas e quitutes regionais nas ruas do bairro dos Aflitos, o garoto tem um rotina de responsabilidades diárias. Quando a escola não está em greve, o trabalho começa ao meio-dia. Até as 19h30, hora do fim do "expediente", a brasa que cozinha o milho não pode ficar sem assistência, o lixo não deve acumular e o cliente apressado e mal educado tem que ser atendido prontamente, com delicadeza. O menino não percebe que trabalha, nem que fica tantas horas em pé. A sobrecarga de serviços acaba sendo ‘sutil’. Ele nasce dentro dessa rotina que já faz parte da cultura da família, e a sociedade não reprova a “ajuda” que o garoto oferece à avó trabalhadora.

No entanto, de acordo com estudo publicado pelo Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil em Pernambuco, esse jovem faz parte, sim, do total de 270 mil crianças e adolescentes do Estado que são explorados no trabalho. “É bastante alta a intensidade desse tipo de ocorrência. Meninos e meninas que trabalham no comércio ambulante informal são vítimas, precocemente, de exploração. Esse tipo de situação, mesmo banalizada, é muito grave e está no mesmo patamar do trabalho do aviãozinho, aquele garoto que realiza o comércio ilícito de drogas e o transporte de armas”, afirma Paulo Lago, do Centro Dom Helder Câmara de Estudos e Ação Social (Cendhec), entidade fortemente envolvida na construção de um Plano Estadual de Combate ao Trabalho Infantil, proposta presente no Pacto da Vida, mas que tem previsão de aprovação apenas em 2011.

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