quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Cangaceiro do grupo de Lampião morre em Belo Horizonte
















Alex Araújo e Cíntia Paes Do G1 MG

Com 100 anos e debilitado, o ex-cangaceiro José Antônio Souto, conhecido como Moreno, que morava em Belo Horizonte, morreu na última segunda-feira (6). Souto foi enterrado no Cemitério da Saudade, região leste da capital mineira, com muitos fogos de artifício. Um filme que conta a vida dele nos sertões nordestinos deve ser lançado em 2011. Moreno era um dos últimos integrantes do grupo de Lampião.

De acordo com o filho Murilo Antônio Souto, de 63 anos, o pai estava acamado e, apesar de consciente, estava fraco e se alimentava mal. “Ele tinha muito cansaço e não andava”, disse Souto, que morava com o pai. O homem centenário, que tinha complicações cardíacas, teve uma parada cardiorrespiratória em casa, no bairro Tupi, região norte de BH, e não resistiu.

Ainda segundo Souto, o pai deixou seis filhos – cinco deles moram em BH – e o outro no Rio de Janeiro. “A quantidade de netos eu nem sei, precisaria contar”, falou.

A vida do ex-cangaceiro Moreno será retratada no longa-metragem documentário “Os Últimos Cangaceiros”, que deve ser lançado em novembro deste ano em festivais de circuitos nacional e internacional. “Aqui no Brasil, a estreia está prevista para o fim do primeiro semestre de 2011”, contou o cineasta cearense Wolney Oliveira.

Ele explicou que usou imagens antigas do ex-cangaceiro com a mulher, Jovina Maria da Conceição, a Durvinha, e fotos de jornais. Ainda segundo Oliveira, para produzir o filme, a equipe visitou os estados de Minas Gerais, Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Bahia, Ceará e Rio de Janeiro. “Temos imagens da década de 1936”, exemplificou.

No filme, segundo Oliveira, algumas histórias são destacadas como a sobrevivência de Moreno no ataque que vitimou Lampião e dos policiais, conhecidos como “Macacos”, que faziam as implacáveis perseguições contra os cangaceiros. “Mas ele (Moreno) era temido pelos policiais. Houve uma época que mil deles caçavam Moreno”. Oliveira destacou, ainda, que há 45 longas de ficção sobre o cangaço, mas que o filme dele é o primeiro documentário.

Moreno na história

O historiador João de Sousa Lima, escritor do livro “Moreno e Durvinha: sangue, amor e fuga no Cangaço”, falou ao G1 sobre a morte do cangaceiro José Antônio Souto. “Ele foi muito importante no contexto histórico do Cangaço pela amizade com Virginio, cunhado de Lampião, por ter assumido Durvinha”, disse.

Segundo o historiador, Moreno era um ótimo atirador, e muito arisco. “Altamente arisco. Matou mais de 20 pessoas e nunca sofreu um tiro. Bom de mira.”

Lima conta que, depois que Virginio morreu, Moreno assumiu a liderança do grupo dele. E se casou com Jovina Maria da Conceição Souto, a Durvinha. Após a morte de Virgulino Ferreira, o Lampião, em 1938, Moreno, segundo o historiador, ainda perambulou por dois anos na região entre Pernambuco e Alagoas,

Do grupo reunido por Lampião no início do século XX, quatro ainda estão vivos. De acordo com Lima, todos já têm mais de 90 anos. Manuel Dantas Loyola, o Candeeiro, hoje mora em Buique (PE) e José Alves de Matos, o 25, mora em Maceió. E ainda tem mais duas mulheres cangaceiras, segundo João de Sousa Lima: Dulce, em Campinas (SP), e Aristeia Soares de Lima, que mora em Paulo Afonso (BA).

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