Da
Veja.com
Domingo,
08 de março de 2015 (20:51:34)
A mais extraordinária
característica dos fatos é que eles são teimosos. Os fatos não desaparecem
facilmente. A realidade é feita de fatos e, à semelhança da verdade, cedo ou
tarde ela se impõe.
VEJA
provocou comoção quando escreveu na capa de sua edição
de 29 de outubro de 2014 que, segundo depoimento do doleiro
Alberto Yousseff, Lula e Dilma sabiam de tudo que se passava nos porões do
petrolão. Por ser antevéspera de eleições, um juiz do Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) concedeu à campanha de Dilma Rousseff o direito de resposta. O
espaço legal foi usado mais para atacar a revista do que para recolocar os
fatos no seu devido lugar - até porque os fatos já estavam no lugar.
Na
defesa que fez junto ao STF na tentativa de reverter a decisão do TSE, VEJA
esclareceu que se baseou em três fatos:
"1)
Ocorreu o depoimento do doleiro Alberto Yousseff no âmbito do processo de
delação premiada;
2)
As afirmações atribuídas a Youssef pela revista foram anexadas ao processo e;
3)
O advogado do investigado, Antônio Figueiredo Bastos, não rechaçou a veracidade
do relato.
(...)
Lamenta-se a fragilidade a que se submete, em período eleitoral, o preceito
constitucional de liberdade de expressão ao se permitir que, ao cabo de poucas
horas, de modo autocrático, um ministro decida merecerem respostas informações
jornalísticas que, em outras circunstâncias, seriam simplesmente verdades
inconvenientes - passíveis, é claro, de contestação, mesmo quando fruto de
dúvida hiperbólica, mas sempre mediante a análise detida de provas e tomadas de
testemunhos."
Com
a quebra dos sigilos dos depoimentos da Operação Lava Jato decidida nesta
sexta-feira pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal (STF),
ficou evidente que VEJA estava certa quanto ao conteúdo do depoimento de
Yousseff.
Abaixo
a transcrição oficial do depoimento de Yousseff, à disposição dos leitores no site do Ministério Público
Federal, em que o doleiro afirma às autoridades
exatamente o que VEJA publicou em sua capa de 29 de outubro de 2014:
"Alberto
Youssef (Termo de Colaboração 02) afirmou que, em complementação ao termo de
declarações realizado na data de ontem, o declarante gostaria de ressaltar que
tanto a presidência da Petrobras quanto o Palácio do Planalto tinham conhecimento
da estrutura que envolvia a distribuição e repasse de comissões no âmbito da
estatal; que, indagado quanto a quem se referia em relação ao termo
"Palácio do Planalto", esclarece que tanto à Presidência da
República, Casa Civil, Ministro de Minas e Energia, tais como Luis Inácio Lula
da Silva, Gilberto Carvalho, Ideli Salvatti, Gleisi Hoffman, Dilma Rousseff,
Antonio Palocci, José Dirceu e Edson Lobão, entre outros relacionados; que
esclarece ainda que eram comuns as disputas de poder entre partidos,
relacionadas à distribuição de cargos no âmbito da Petrobras, e que essas
discussões eram finalmente levadas ao Palácio do Planalto para solução; que
reafirma que o alto escalão do governo tinha conhecimento;"
Internamente,
na apresentação da reportagem de capa, VEJA escreveu: "Cedo ou tarde os
depoimentos de Youssef virão a público em seu trajeto na Justiça rumo ao
Supremo Tribunal Federal (STF)". Nesta sexta, os depoimentos efetivamente
vieram a público e quando se examina seu conteúdo no que diz respeito às
afirmações de VEJA na capa Lula
e Dilma
Sabiam a
constatação insofismável é a de que VEJA apurou e publicou um fato real:
Yousseff disse à Justiça, no âmbito de sua delação premiada, que o Palácio do
Planalto sabia das tenebrosas transações que ocorriam na Petrobras.
VEJA
cumpriu com seu dever jornalístico ao trazer esse fato ao conhecimento de seus
leitores. Portanto, quem se insurgiu contra a revista naquele episódio, se
insurgiu, realmente, contra os fatos. Atacou o mensageiro, quando o que feria era
a mensagem.
Agora,
com a quebra de sigilo sobre os depoimentos da Lava Jato, veio a confirmação de
que VEJA estava certa e seus contestadores errados. A eles, quem sabe, seja
útil a leitura de João 8:23: "E conhecereis a verdade, e
a verdade vos libertará".
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