Texto: Romário
Terça-feira, 29 de setembro de 2015
(13:10:12)
Na última semana, concedi uma entrevista ao jornal
italiano Gazetta Dello Sport. Fiz duras críticas à convocação de jogadores na
Seleção e mantenho minha posição. As convocações têm sido motivadas por forte
interesse financeiro.
Estão me pedindo provas, não preciso ir muito longe, o
jornal O Estado de S. Paulo tornou público um contrato da CBF com a empresa a
ISE, para a realização de amistosos da Seleção Brasileira. Está explícito no
contrato que a lista de jogadores convocados atende
a critérios estabelecidos pelos parceiros comerciais e qualquer substituição
precisa ser realizada em "mútuo acordo" entre CBF e empresários. O
contrato deixa claro: o jogador que substituir um "titular" precisa
ter o mesmo "valor de marketing'' do substituído.
Onde ficam os critérios técnicos?
Quem define quais jogadores convocados? O técnico ou
os parceiros comerciais?
Sobre Gilmar Rinaldi, tenho todo direito de afirmar
que ele não deveria ocupar o cargo de coordenador da seleção brasileira. Até um
dia antes dele ser anunciado para a função, Gilmar Rinaldi era empresário de
jogador de futebol. Não acredito na isenção dele para o cargo. Ontem, em um
programa de TV, ele afirmou que abriria o sigilo bancário dele se eu abrisse
mão da minha “imunidade parlamentar” e abrisse minhas contas. Cabe esclarecer
diante da total ignorância deste senhor sobre a imunidade parlamentar. A
Constituição Brasileira preconiza em seu artigo Art. 53:
“Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e
penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos”.
Ou seja, imunidade parlamentar não tem nenhuma relação com a abertura do meu sigilo bancário. Sobre mim não pesa nenhuma suspeita.
Ou seja, imunidade parlamentar não tem nenhuma relação com a abertura do meu sigilo bancário. Sobre mim não pesa nenhuma suspeita.
Gilmar Rinaldi tem que se colocar no lugar dele. Sou
senador da República, legitimado por quase 5 milhões de pessoas, enquanto ele
foi indicado para um cargo em uma entidade corrupta depois de ter sido um
jogador e empresário medíocre. Ele só ocupa o cargo de coordenador da seleção
porque foi indicado por pessoas como José Maria Marin, que está preso na Suíça,
e Marco Polo Del Nero, outro alvo do FBI. Ele tem que desafiar seus iguais,
pessoas iguais a ele.
Descrição da Imagem #PraCegoVer:
fotografia de perfil de Romário sério seguido um balão de diálogo que reprodruz
um trecho da nota. Na parte destacada, está escrito "Gilmar Rinaldi tem
que se colocar no lugar dele".
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