segunda-feira, 27 de março de 2017

A hipocrisia desfilou no Miss São Paulo

A concorrente de São Caetano do Sul, Stefany Sales (Divulgação/Divulgação)

O discurso de empoderamento e quebra dos padrões de beleza contrastou com o padrão cada vez mais Barbie

Da Veja.com, Por Redação
Segunda-feira, 27 de março de 2017 (22:43:34)
O Pequeno Príncipe e a “paz mundial” andam em desuso na lista de citações das misses contemporâneas, mas isso não indica que o concurso tenha envelhecido bem.
Empoderamento, feminismo e igualdade de gênero, temas atualmente tão repetidos – e que originaram, por exemplo, ótimas sacadas no programa Amor e Sexo – foram tratados no Miss São Paulo, no último sábado, da mesma forma robótica e artificial que sempre caracterizou o torneio. Entre as várias perguntas “moderninhas”, aparentemente ensaiadíssimas, o apresentador Cássio Reis fez uma questão com resposta embutida:
– Você é a favor da reavaliação dos padrões de beleza?
A Miss São Caetano do Sul, Stefany  Salles respondeu:
– Eu sou a favor da queda dos padrões, sim. (…) Geralmente os padrões colocam uma casca – e aquilo que temos dentro é muito mais do que os olhos podem ver, não importa se você usa 36, 46 ou 56.
Karen Porfiro, a Miss São Paulo 2017 (Laércio Souza/Futura Press/Folhapress)
Foi aplaudidíssima, cercada pelas concorrentes com medidas em quase nada diversas, que as distanciam das “mulheres reais” e as aproximam das bonecas Barbie. O desalinhamento entre discurso “empoderado” e passarela de clones sugere algum oportunismo da organização em apenas parecer atualizado. Martha Rocha, com suas polegadas “reais”, possivelmente não teria sido nem classificada.

Em tempo: a vencedora da noite foi a representante da capital, Karen Porfiro.

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