A figurinista Susllem Meneguzzi Tonani Divulgação
Susllem Meneguzzi Tonani, de 28 anos,
fez seu relato no blog 'Agora é que São Elas', da Folha deS. Paulo, mas horas
depois o link foi retirado do ar.
Do leodias.odia.ig.com.br
Terça-feira, 04 de abril de 2017
(14:29;:01)
No dia 3 de
março, a coluna publicou que José Mayer estava
assediando uma figurinista da Globo. Na época, a coluna
procurou a TV Globo, que emitiu a seguinte nota: "As relações entre
funcionários e colaboradores da Globo se dão em um ambiente de harmonia e
colaboração, de acordo com o Código de Ética e Conduta do Grupo Globo. O
desrespeito no ambiente de trabalho não é tolerado pela emissora. A Globo não
comenta assuntos internos".
. Leia
também: José Mayer é
acusado de assédio por funcionária da Globo
Agora, toda a
verdade vem à tona. Susllem Meneguzzi Tonani, de 28 anos, resolveu falar
abertamente do forte assédio que sofreu do ator de 'A Lei do Amor'. O relato da
profissional foi parar no blog 'Agora é que São Elas' no jornal 'Folha de S.
Paulo'.
No jornal
impresso, o desabafo não foi publicado. Horas depois, o link também foi
retirado do ar. O jornal explicou o motivo da retirada: “A publicação foi
retirada do ar porque desrespeitou o princípio editorial da Folha, de só
publicar acusação após ouvir e registrar os argumentos da parte acusada. Tão
logo esse feito seja sanado, o texto voltará ao ar, com o devido espaço para o
contraditório”.
Diante do
extenso relato, com riqueza de detalhes, da figurinista, a coluna entrou
novamente em contato com a Globo, que enciou o seguinte comunicado: "A
Globo repudia toda e qualquer forma de desrespeito, violência ou preconceito. E
zela para que as relações entre funcionários e colaboradores da emissora se
deem em um ambiente de harmonia e colaboração, de acordo com o Código de Ética
e Conduta do Grupo Globo. Todas as questões são apuradas com rigor, ouvidos
todos os envolvidos, em busca da verdade. Desta forma e tendo o respeito como
um valor inegociável da empresa, esse assunto foi apurado e as medidas
necessárias estão sendo tomadas. A Globo não comenta assuntos internos."
Veja, abaixo,
trechos do relato de Susllem:
"Eu,
Susllem Meneguzzi Tonani, fui assediada por José Mayer Drumond. Tenho 28 anos,
sou uma mulher branca, bonita, alta. Há cinco anos vim morar no Rio de Janeiro,
em busca do meu sonho: ser figurinista.
A primeira
'brincadeira' de José Mayer Drumond comigo foi há 8 meses. Ele era protagonista
da primeira novela em que eu trabalhava como figurinista assistente. E essa
história de violência se iniciou com o simples: 'como você é bonita'.
Trabalhando de segunda à sábado, lidar com José Mayer era rotineiro. E com ele
vinham seus 'elogios'. Do 'como você se veste bem', logo eu estava ouvindo:
'como a sua cintura é fina', 'fico olhando a sua bundinha e imaginando seu
peitinho', 'você nunca vai dar para mim?'.
Foram meses
envergonhada, sem graça, de sorrisos encabulados. Disse a ele, com palavras
exatas e claras, que não queria, que ele não podia me tocar, que se ele me
encostasse a mão eu iria ao RH. Foram meses saindo de perto. Uma vez lhe disse:
'você é mais velho que o meu pai. Você tem uma filha da minha idade. Você
gostaria que alguém tratasse assim a sua filha?'
Em fevereiro de
2017, dentro do camarim da empresa, na presença de outras duas mulheres, esse
ator, branco, rico, de 67 anos, que fez fama como garanhão, colocou a mão
esquerda na minha genitália. Sim, ele colocou a mão na minha buceta e ainda
disse que esse era seu desejo antigo. Elas? Elas, que poderiam estar eu meu
lugar, não ficaram constrangidas. Chegaram até a rir de sua 'piada'. Eu? Eu me
vi só, desprotegida, encurralada, ridicularizada, inferiorizada, invisível.
Senti desespero, nojo, arrependimento de estar ali.
Nos próximos
dias, fui trabalhar rezando para não encontra-lo. O trabalho dos meus sonhos
tinha virado um pesadelo. E para me segurar eu imaginava que, depois da mão na
buceta, nada de pior poderia acontecer. Aquilo já era de longe a coisa mais
distante da sanidade que eu tinha vivido.
Até que nos
vimos, ele e eu, num set de filmagem com 30 pessoas. Ele no centro, sob os
refletores, no cenário, câmeras apontadas para si, prestes a dizer seu texto de
protagonista. Neste momento, sem medo, ameaçou me tocar novamente se eu
continuasse a não falar com ele. E eu não silenciei.
'VACA', ele gritou. Para quem quisesse ouvir. Não teve medo. E por que teria, mesmo? José Mayer, ator da Rede Globo, é acusado de assédio
'VACA', ele gritou. Para quem quisesse ouvir. Não teve medo. E por que teria, mesmo? José Mayer, ator da Rede Globo, é acusado de assédio
Chega. Acusei o
santo, o milagre e a igreja. Procurei quem me colocou ali. Fui ao RH. Acessei
todas as pessoas, todas as instâncias, contei sobre o assédio moral e sexual
que há meses eu vinha sofrendo. A empresa reconheceu a gravidade do
acontecimento e prometeu tomar as medidas necessárias. Me pergunto: quais serão
as medidas? Que lei fará justiça e irá reger a punição? Que me protegerá e
como?
Sinto no peito
uma culpa imensa por não ter tomado medidas sérias e árduas antes, sinto um
arrependimento violento por ter me calado, me odeio por todas às vezes em que,
constrangida, lidei com o assédio com um sorriso amarelo. E, principalmente, me
sinto oprimida por não ter gritado só porque estava em meu local de trabalho.
Dá medo, sabia? Porque a gente acha que o ator renomado, 30 e tantos papéis,
garanhão da ficção com contrato assinado, vai seguir impassível, porque assim
lhe permitem, produto de ouro, prata da casa. E eu, engrenagem, mulher, paga
por obra, sou quem leva a fama de oportunista. E se acharem que eu dei mole?
Será que vão me contratar outra vez?
Tenho de
repetir o mantra: a culpa não foi minha. A culpa nunca é da vítima. E me
sentiria eternamente culpada se não falasse. Precisamos falar. Falo em meu nome
e acuso o nome dele para que fique claro, que não haja dúvidas".
Nenhum comentário:
Postar um comentário