Foto: TV Globo/Divulgação
Do Terra Magazine, Por Rodrigo Rodrigues
Quinta-feira, 14 de agosto de 2014 (15:24:30)
Alvo de agressões e xingamentos pelo tom crítico
que adotou nas entrevistas com os presidenciáveis que participaram do Jornal
Nacional até aqui, o jornalista e apresentador William Bonner resolveu rebater
os comentários nesta quinta-feira (14) e disse que continuará atuando da mesma
forma em qualquer entrevista.
“Em todas as entrevistas, fiz e farei as perguntas
que os candidatos prefeririam não ter que ouvir. Assuntos que lhes são
desconfortáveis, incômodos. Assuntos que eles não abordam na propaganda eleitoral,
obviamente. São assuntos de interesse jornalístico, são assuntos que o eleitor
deve conhecer”, escreveu Bonner numa rede social.
Para o apresentador do Jornal Nacional, as críticas
feitas especialmente pelos partidários dos candidatos que já participaram até
aqui das entrevistas são oriundas do que ele chama de “obscurantismo” e
“intolerância”.
“Vejo com espanto como as paixões eleitorais
momentâneas podem alimentar a intolerância de um tipo de eleitor que se
considera suficientemente informado sobre os candidatos – e que nega às outras
pessoas o direito de se informar. É aquele que não quer saber mais nada. Não
quer ouvir explicação sobre nenhuma questão polêmica. E é um direito dele. O
problema é quando não quer que ninguém mais tome conhecimento daquelas
questões. E, por isso, insulta quem pensa de forma diferente, insulta quem
cobra aquelas explicações de candidatos a cargos públicos. Isso se chama
obscurantismo”, disse o apresentador do Jornal Nacional.
Com mais de 30 anos de profissão, Bonner diz que
todos os candidatos à Presidência que entrevistou desde 2002 no Jornal Nacional
ouviram perguntas incômodas, que não gostariam de terem sido confrontados em
rede nacional.
O apresentador afirma, porém, que trata-se de um
dever eminentemente profissional e jornalístico, respeitado por todos os
entrevistados e postulantes à Presidência da República.
“Todos os candidatos que entrevistei, sem nenhuma
exceção, sabiam que era papel deles prestar esses esclarecimentos – e que era
meu papel cobrar as explicações. E isso sempre foi feito, de ambas as partes,
de forma cordial, serena, respeitosa. Sempre. É esse respeito que falta aos que
usam o espaço de comentários de uma foto para insultar, agredir, praguejar
contra o conteúdo eminentemente jornalístico de uma entrevista”, declarou o
jornalista.
Furioso e chateado com os comentários ultrajantes e
obscenos enviados depois das entrevistas feitas com Aécio Neves (PSDB) e
Eduardo Campos (PSB), o apresentador global diz que os partidários de ambos os
candidatos precisam aprender o valor real da democracia plena no Brasil.
“[Esses comentários] insultam não só a mim, como
entrevistador, mas a todos os demais eleitores que desejam ser informados sobre
as questões polêmicas de todos os candidatos, sejam quem forem. Essa
intolerância eu faço questão de deixar registrada nos comentários. Alguma
utilidade terá pra quem quiser analisar os freqüentadores desse ambiente
encantador e agressivo, enriquecedor e mesquinho, democrático e sectário que é
a internet”, declarou William Bonner.
O Jornal Nacional iniciou na última segunda-feira
(11) a rodada de entrevistas com todos os presidenciáveis.
O primeiro ouvido pelo JN foi o candidato do PSDB,
Aécio Neves, e na terça-feira Eduardo Campos (PSB), que faleceu ontem em
virtude de um acidente de avião, menos de 24 horas depois da entrevista na TV
Globo.
Por conta da morte de Campos, as entrevistas com a
presidente Dilma Rousseff (PT) e com o Pastor Everaldo (PSC) foram remarcadas
para a próxima semana.
Nas conversas ao vivo com Aécio e Campos, os
apresentadores do JN abordaram questões polêmicas para ambos, como a construção
de um aeroporto nas terras de um tio avô de Aécio Neves na cidade de Cláudio
(MG), além do ‘esforço’ de Eduardo Campos em nomear parentes para cargos
públicos.
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