quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Carreira docente não é preferência entre jovens pernambucanos


No Dia do Professor, comemorado nesta sexta-feirta (15), uma realidade preocupante reflete a situação que a profissão enfrenta no País: a pouca procura entre os jovens pela carreira docente. Pesquisa recente do Nova Escola, realizada entre alunos de escolas públicas e particulares do Brasil, mostrou que somente 2% dos jovens brasileiros querem ser professores.

O cenário em Pernambuco não é diferente. Dos 37.510 candidatos inscritos no Vestibular 2011 da Universidade de Pernambuco (UPE), apenas 1.822 optaram pelo curso de pedagogia (somando os câmpus de Nazaré da Mata, Garanhuns e Petrolina), enquanto 6.232 escolheram o curso de medicina (Recife e Garanhuns).

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Muitos deles, porém, decidem pela docência não por vocação, mas pela facilidade de ingressar no ensino superior. De fato, os cursos de licenciatura são os que exigem menor nota e têm menor concorrência para ingresso nas universidades. Na UFPE, em 2009, um fera com 3,29 pode ser um futuro professor de matemática, enquanto, para ser médico, seria necessário conquistar, no mínimo, nota 8,29.

Na UPE, a concorrência neste ano para o curso de medicina em Garanhuns foi de mais de 54 candidatos por vaga, enquanto para geografia em Petrolina, o número é inferior a 2. Confira aqui a concorrência do Vestibular 2011 da UPE.

Um outro dado grave foi divulgado pelo Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) no ano passado. Os candidatos a professores no País tinham baixa renda familiar e tiraram nota 20 na prova, numa escala que varia de 0 a 100. Significa que são estudantes com poucas chances de acesso a livros e informações e que, possivelmente, carregam sérios problemas de formação desde o ensino básico.

Entre os principais motivos que impedem os jovens de decidirem pela carreira docente - os mesmos que professores pernambucanos enfrentam - estão baixos salários, desvalorização profissional, falta de estrutura na escola, indisciplina dos alunos, falta de participação da família e excesso de burocracia nas escolas.

De acordo com o presidente do programa Todos Pela Educação, Mozart Neves, "em primeiro lugar a pessoa tem que querer ser professor. Não adianta ser professor porque é fácil de ingressar na carreira porque tem, em geral, até mais vagas. Quando você gosta do que faz, você luta nos dois fronts: uma é a luta boa em sala de aula para fazer com que os alunos aprendam com criatividade e a outra é na hora das reivindicações, nas pautas de greve". Leia aqui a entrevista completa com Mozart Neves.

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